Brasil chega a dois anos sem casos de sarampo
País está próximo de voltar a receber a certificação de nação livre da doença, condição que havia alcançado em 2016

O Brasil completou, nesta quarta-feira (5), dois anos sem casos autóctones (com transmissão em território nacional) de sarampo. Assim, está próximo de retomar a certificação de ‘país livre de sarampo’, após sair da condição de região endêmica no ano passado.
Em 2016, o Brasil já havia recebido o título de país livre da doença. Dois anos depois, no entanto, o intenso fluxo migratório de nações vizinhas, associado às baixas coberturas vacinais em vários municípios, permitiu a reintrodução do vírus em território nacional.
Desde 2019, o número de casos de sarampo está em queda: despencando de 20.901 registros, no referido ano, a 41 casos, em 2022. O último deles confirmado em 5 junho de 2022, no Amapá.
No início de maio, o país recebeu a visita da Comissão Regional de Monitoramento e Reverificação da Eliminação do Sarampo, Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita na Região das Américas e do Secretariado da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), com o objetivo de dar continuidade ao processo de recertificação do Brasil como livre da circulação de sarampo e com sustentabilidade da eliminação da rubéola e da síndrome da rubéola congênita (SRC).
Em 2024, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o aumento de casos da doença na Europa como “alarmante”. Foram mais de 58 mil infecções pelo vírus em 41 países ao longo de 2023, um aumento em relação aos últimos três anos.
“Para que o Brasil possa continuar sem casos, é fundamental alcançar coberturas vacinais de, no mínimo, 95% de forma homogênea, visando a proteção da nossa população diante da possibilidade de ocorrência de casos importados do vírus e reduzindo assim o risco de introdução da doença. Além do que, garante a segurança até mesmo das pessoas que não podem se vacinar”, explica o diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti.
Ele destaca, ainda, a importância da continuidade da estratégia de microplanejamento que, em 2023, repassou R$151 milhões para estados e municípios. O método, que é recomendado pela OMS, consiste em várias atividades com foco na realidade local, além de fortalecer e ampliar o acesso da população à vacinação durante todo o ano.
Tríplice viral
A tríplice viral é uma das vacinas ofertadas no Calendário Nacional de Vacinação, cujo esquema vacinal corresponde a duas doses para pessoas de 12 meses até 29 anos de idade e uma dose para adultos de 30 a 59 anos.
O imunizante protege contra o sarampo, a caxumba e a rubéola – três doenças altamente infecciosas que podem causar sequelas graves e foram responsáveis por epidemias no passado. A cobertura da primeira dose dessa vacina aumentou de 80,7% em 2022 para 87% em 2023. Os dados do ano passado ainda são preliminares e podem subir, já que alguns estados têm bases próprias e as atualizações podem demorar a chegar à rede nacional.