Cerca de metade das crianças de hoje enfrentarão uma vida inteira de calor extremo, diz pesquisa
Estudo publicado na revista Nature, ressalta também que populações vulneráveis podem ser mais afetadas pelo problema.

Um estudo publicado na revista científica Nature alerta para o fato de que as crianças de hoje enfrentarão, ao longo de suas vidas, níveis sem precedentes de exposição a ondas de calor extremas.
A pesquisa indica que, mesmo no cenário mais otimista, com o aquecimento global limitado a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais até o ano 2100, cerca de 50% das crianças nascidas em 2020 terão uma “exposição sem precedentes” ao calor extremo, número que sobe para 92% em um cenário de aquecimento de 3,5 °C.
De acordo com os pesquisadores “exposição sem precedentes” é a ocorrência de eventos climáticos extremos que, em um mundo sem mudanças climáticas, seriam extremamente raros — com apenas uma chance em 10.000 de ocorrer durante toda a vida.
O estudo ressalta ainda que populações vulneráveis podem ser mais afetadas, e especialistas destacam uma tendência preocupante das gerações mais velhas em negligenciar a gravidade do problema, já que não enfrentarão os mesmos riscos. Entre as pessoas nascidas em 1960, apenas 16% atingiriam esse nível extremo de exposição ao calor durante suas vidas.
Dos 81 milhões de pessoas nascidas em todo o mundo em 1960, que agora estão na casa dos sessenta anos, apenas 13 milhões, ou 16%, atingiriam esse limite de exposição ao longo de suas vidas, independentemente do cenário climático. Mas, para os 120 milhões de crianças nascidas em 2020, 58 milhões (quase 50%) experimentariam esse nível de exposição, mesmo no cenário mais otimista de 1,5 °C de aquecimento acima das temperaturas pré-industriais até 2100.
Para Caroline Hickman, psicoterapeuta da Universidade de Bath, no Reino Unido, há uma tendência entre as gerações mais velhas de ignorar as mudanças climáticas porque não enfrentam os mesmos riscos. Os adultos precisam proteger e preservar a vida das crianças, o que também passa por levarmos a sério o grave cenário das mudanças no clima para o futuro da vida no planeta Terra, acrescentou a especialista.