Empresa produz biopainéis a partir da semente do açaí
Esta reportagem faz parte da Série Especial "Empreendedorismo Sustentável - soluções e desafios para o futuro do planeta", da Rádio Cultura FM.

Uma das formas de fomentar a bioeconomia é através de iniciativas que utilizam itens que seriam descartados, como a semente do açaí, que é um resíduo da produção desta matéria-prima tão cobiçada pelos paraenses. A Unai fabrica biopainéis sustentáveis, resistentes e duradouros, a partir deste caroço. Washington Filho teve a ideia de desenvolver este projeto quando ainda cursava o ensino médio e observava a problemática do desperdício do caroço de açaí e, após se envolver em uma pesquisa, decidiu criar um produto a partir da semente deste fruto. Na época, mais precisamente no ano de 2015, não se ouvia falar em iniciativas voltadas ao aproveitamento deste resíduo do açaí. Após ingressar neste projeto, Washington virou bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq. Ele participou de feiras de ciência importantes a nível nacional e internacional, aspectos que enriqueceram muito o currículo dele e aumentaram o networking. Foi a partir disso que ele teve a ideia de criar uma startup, cuja inovação havia sido desenvolvida durante o processo de pesquisa. Foi assim que surgiu a Unai, a partir da primeira participação em um programa do Centro de Empreendedores da Amazônia. Ele conta sobre a experiência de participar deste projeto.
“E lá, a gente teve vários treinamentos e eu comecei a focar na produção dos biopainéis, justamente para trabalhar com revestimento de parede. Daí que veio esta iniciativa, que foi uma construção que surgiu ao longo dos anos para transformar uma ideia em um negócio que transforma caroço de açaí em revestimento de parede”, relata.
“O material é belíssimo e o público se identifica com o produto que é sustentável. Ficou bem bonito, nós fizemos dois paredões no restaurante”, comenta.
Os biopainéis da Unai dão um toque especial regional ao local e formam uma beleza rústica que chama a atenção. Uma parte do restaurante Ver-o-Açaí foi revestida com estes produtos, que se tornaram um grande atrativo para o empreendimento, o que também serviu como porta de entrada para que outros empresários conhecessem o trabalho inovador de Washington Filho, que faz questão de relatar os incentivos que o projeto traz à bioeconomia.
“Então, este é um impacto socioeconômico e ambiental. A gente observa o reaproveitamento de um resíduo, geração de renda e emprego através desta iniciativa. E sem falar que, quando nosso cliente leva o nosso produto, ele está sendo impactado porque leva um pedacinho da Amazônia para o seu lar”
A startup pertenceu ao programa Inova Amazônia, do Sebrae Pará, cujo foco é fortalecer a bioeconomia amazônica e fomentar o crescimento econômico através de inovação aberta, que é um modelo cooperativo que consiste na colaboração com pessoas e organizações externas à empresa, tudo isso aliado à pauta da conservação ambiental. Renata Batista, gerente de Sustentabilidade e Inovação do Sebrae no Pará, ressalta que as startups que já passaram pelo Inova Amazônia se diferenciam por estarem alinhadas com a bioeconomia e propostas que valorizam os recursos naturais de forma inovadora.
“Agregando valor aos produtos da floresta e promovendo o desenvolvimento local com responsabilidade ambiental. Além disso, o Inova Amazônia oferece mentorias, capacitações e conexões com investidores, além um acesso a uma rede de parceiros estratégicos. O Inova Amazônia apoia startups da bioeconomia e negócios inovadores”
Estimular a criação de soluções que gerem inclusão produtiva, desenvolvimento territorial e social, de forma sustentável, é o propósito do Inova Amazônia, uma iniciativa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Pará, que visa estimular o uso consciente da biodiversidade. Para conhecer melhor o trabalho da Unai e contemplar os biopainéis que são confeccionados pela empresa, basta acessar o Instagram @unaibiopaineis.