Fome e insegurança alimentar são temas de encontro em Belém

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Foto: Reprodução / site UFPA

O primeiro encontro da Amazônia Legal de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar aconteceu na Universidade Federal do Pará (UFPA) nos dias 24 e 25 de julho.

O debate girou em torno da vulnerabilidade e da falta de acesso a uma alimentação saudável e segura que existe nas regiões Norte e Nordeste. Na reunião foram apresentados dados pesquisados pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) entre os anos de 2021 e 2022, época onde a pandemia da covid-19 ainda prevalecia e, por conta disso, o país enfrentou um “apagão” dos dados públicos sobre a fome.

“Começamos a tentar identificar, enquanto rede de pesquisa deste assunto, quais eram os pesquisadores que atuavam na região amazônica. Tivemos dificuldade de encontrar e, após conversar com pessoas do Norte, vimos que não há programas de pós-graduação com linhas de pesquisa em segurança alimentar e nutricional. Quem quer estudar isso, se desloca para o Sudeste, para São Paulo e Rio de Janeiro”, constata Sandra Chaves, coordenadora da Rede Penssan.

A coordenadora relata que a precariedade das pesquisas nesta área de segurança alimentar na região Norte foi um dos motivos que a levou a idealizar este encontro, uma realização em conjunto à UFPA, com apoio do Instituto Ibirapitanga e da Ford Foundation. A fome foi debatida a partir de mesas temáticas e de uma mostra de experiências que mostra o que ocorre nos estados da região Norte.

“Reunimos pesquisadores e partes interessadas com a soberania e segurança alimentar da região amazônica. Discutimos as situações desta insegurança nutricional da região amazônica, onde debatemos, também, a insegurança hídrica. E esta é uma situação complexa, pois nós temos a maior bacia de água doce do planeta e, mesmo assim, temos insegurança hídrica” relata Sandra Chaves, coordenadora da Rede Penssan.

O evento teve como objetivo reunir pesquisadores sobre o tema e qualificar recursos humanos nesta área. A coordenadora da Rede Penssan diz que é fundamental que as pesquisas carreguem consigo esta identidade regional e isso só pode ser alcançado se estes estudos forem feitos dentro do território amazônico. O conhecimento acadêmico teórico de alguém que vive na região se une à experiência prática do dia a dia de quem observa as mazelas da região Norte.

“Desta forma, todos poderão reconhecer as necessidades do nosso bioma. Por isso, é muito importante promover o diálogo nacional, para que todos possam reconhecer as necessidades específicas da região amazônica. Podemos, também, integrar grupos de pesquisas de outras regiões, para que consigamos unir conhecimentos através do diálogo com outros grupos”, comenta Sandra Chaves.

O intuito principal do evento foi aprofundar na pauta da insegurança alimentar da região amazônica em toda a complexidade que ela possui. Por conta disso, os pesquisadores abordaram a integração nacional, para que todos possam conhecer as necessidades e os problemas enfrentados pelas pessoas que vivem na Amazônia.