Morre o Mestre Pim, referência da cultura popular paraense
A música paraense perdeu, nesta quinta-feira (17), uma de suas vozes mais emblemáticas. Faleceu, aos 83 anos, o cantor Paulo Gonçalves, mais conhecido como Mestre Pim, irmão do consagrado cantor Pinduca, o Rei do Carimbó. Mestre Pim morreu às 9h40 da manhã, no Hospital Waldemar Alcântara, em Fortaleza (CE), cidade onde morava com a família.
Natural de Igarapé-Miri, no nordeste do Pará, Mestre Pim ficou conhecido como “A Voz Marcante do Carimbó e do Flash Reggae”, destacando-se por sua trajetória artística dedicada à valorização da cultura popular amazônica. Mas foi, sobretudo, como um dos impulsionadores do carimbó elétrico que Pim entrou definitivamente para a história musical do estado, deixando uma marca inconfundível nos ritmos que ajudou a modernizar, sem romper com as raízes.
Ao longo dos anos, teve uma grande e próxima relação com a Cultura Rede de Comunicação, participando de projetos e produtos das emissoras Cultura. A parceria foi valiosa e contribuiu para a difusão de sua obra.
No programa Canta Pará, da Rádio Cultura, dedicado à música da Amazônia, foi realizado um grande inventário sobre sua carreira, que gerou ampla repercussão e sacramentou sua participação no Conexão Cultura ao Vivo, programa que apresentava artistas em performance. Isso impulsionou o retorno de suas músicas à programação da rádio, com forte impacto e reconhecimento.
Nos anos 2000, o artista também foi um dos grandes ícones do projeto Terruá Pará, realizado pela Cultura Rede de Comunicação, que promovia uma mostra de música regional, também levando ao sul do país um recorte da música produzida na Amazônia. Mestre Pim integrou o cast de destaque do projeto, tendo visibilidade nas ações de divulgação. Em 2013, através do Terruá, participou de apresentações marcantes no Teatro Margarida Schivasappa, em Belém, e também em São Paulo, levando sua voz e seu carimbó eletrificado a novos públicos.
O velório está sendo realizado desde as 15h desta quinta-feira (17), na Funerária Henrique Jorge, localizada na avenida Senador Fernandes Távora, 960, no bairro Henrique Jorge, em Fortaleza. O sepultamento está marcado para esta sexta-feira (18), às 14h.
Nas redes sociais, familiares, amigos e admiradores prestaram homenagens ao artista. Entre eles, seu irmão Pinduca, que escreveu uma mensagem emocionada:
“Nosso adeus é temporário. Até nos reencontramos, sentiremos sua falta, meu irmão.”
Paulo e Pinduca pertencem a uma família numerosa, composta por 14 irmãos. Com a morte de Mestre Pim, permanecem vivos apenas Pinduca, de 88 anos, e o também músico Mário Gonçalves, guitarrista e ex-integrante da banda de Pinduca, que atualmente segue carreira solo com destaque no cenário da lambada.
O legado de Mestre Pim é imensurável. Sua contribuição para a música e para a identidade cultural da Amazônia permanece viva na memória de quem o ouviu e seguirá ecoando nos tambores, nas guitarras e nas rádios que ainda tocam o som inconfundível de sua voz.