Exposição em Belém celebra o legado da líder indígena Tuíre Kayapó

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Foto: Benjamin Mast / La Mochila Produções.

A Casa Ikeuara da Amazônia, em Belém, abre neste domingo (20), a primeira exposição permanente do Brasil dedicada ao legado de Tuíre Kayapó, liderança indígena da região do Xingu, no Pará, considerada um símbolo global da luta pelos direitos dos povos originários e pela preservação da Amazônia.

Reunindo obras inéditas e registros históricos, como vídeos, fotografias e artefatos pessoais, o acervo da mostra também inclui o cocar e o facão que Tuíre encostou no rosto de um engenheiro da Eletronorte, no final da década de 1980, durante protesto contra as obras de um complexo de hidrelétricas no Rio Xingu. Todos esses objetos ficarão sob a guarda da Casa até os 18 anos de idade da neta e sucessora de Tuíre.

Outro destaque da exposição é o painel central com mais de 5 metros de extensão que ocupa o centro da mostra. A obra, criada pela artista afro-indígena Alice Hermosa, retrata a imagem de Tuíre em três momentos de sua trajetória de lutas.

A Casa Ikeuara da Amazônia é o primeiro centro de cultura, arte e memória dos povos originários do Pará, sendo um espaço idealizado e gerido por indígenas.

Segundo Nice Tupinambá, curadora da exposição, ativista indígena e fundadora da Casa Ikeuara, o local é muito mais que um espaço de arte. É um território político, espiritual e ancestral. Receber os objetos que pertenceram à Tuíre é assumir um compromisso com a continuidade da luta das mulheres indígenas pela vida, pela floresta e pelo futuro, disse.

Tuíre Kayapó

Uma das mais importantes lideranças indígenas do Xingu, Tuíre Kayapó morreu em 2024, aos 57 anos de idade. Ela se destacou por sua atuação como guerreira na defesa dos direitos dos povos originários e contra a destruição da natureza.

No final da década de 1980, ela protagonizou uma cena que se tornou conhecida internacionalmente, representando a luta dos povos indígenas contra a destruição da floresta. Foi quando, durante o Encontro das Nações Indígenas do Xingu, realizado em em 1989, em Altamira, no Sul do Pará, a indígena pressionou a lâmina de um facão contra o rosto do então presidente da Eletronorte, o engenheiro José Antônio Muniz, em sinal de protesto contra a construção de uma hidrelétrica no Rio Xingu.

O ato levou à paralisação das obras durante 20 anos, mas o projeto inicial foi remodelado e deu origem à atual Hidrelétrica de Belo Monte.


Serviço

Exposição Tuíre Kayapó.

Inauguração: 20 de julho (domingo), de 12h às 19h, com entrada gratuita

Local: Casa Ikeuara da Amazônia (Tv. Piedade, 638, bairro do Reduto, Belém - PA).

Após a inauguração o acesso dos visitantes será mediante contribuição simbólica revertida à família de Tuíre e às ações que ela deixou como legado visando o empoderamento das mulheres Kayapó.

Mais informações e os horários de funcionamento da Casa, você confere no Instagram @casaikeuara.