25/09/2023 - 17:39

Maior museu de arte a céu aberto da Amazônia é inaugurado

Festival de música e gastronomia abriram as programações

 

 

 

 

 

 

O Museu de Arte Urbana de Belém (MAUB) foi inaugurado nesse domingo (24). São cerca de quatro mil metros quadrados de muros e fachadas do Ver-o-Rio grafitados por artistas de diversos estados do Brasil. A inauguração do espaço contou com uma programação gratuita com diversos shows. Foram mais de 11 horas de apresentações.

 

A principal atração foi o novo fenômeno do rap brasileiro, Rael. O paulista começou a cantar com 17 anos e lançou o primeiro trabalho solo, o álbum "Música Popular do Terceiro Mundo", em 2010. Em 2014, o rapper explodiu no Brasil com o EP “Diversoficando”. Parte do sucesso se deu pelo single “Envolvidão”, que já alcançou mais de 100 milhões de views.

 

Também marcou presença no festival a dupla de rap paraense Anna Suav & Bruna BG. Elas trazem vivências de mulheres negras do Norte do país,  abordando ancestralidade, apelos espirituais, declarações de amor e denúncias sociais. Entre os caminhos sonoros da dupla, as artistas passeiam para além do rap, com arranjos e elementos do R&B, afrobeat, rock e da música regional, com misturas de camadas permeadas por fortes guitarras, beats, batuques e retalhos de poesia.

 

Cria de Icoaraci, Nic Dias também se apresentou no festival. Jovem estrela da cena do rap nortista, ela desponta no cenário nacional.  A artista canta e faz poesia a partir da visão e vivência como uma mulher negra, nortista e da periferia.
A programação teve, ainda, a performance do DJ Morcegão, artista da periferia de Belém que traz no break, o rap e toda a batida da cultura urbana.

 

Museu a céu aberto

 

Até a entrega do M.A.U.B, foram 19 dias de produção das obras contempladas via edital, que envolveram 21 artistas de diversos estados do Brasil. O line-up foi totalmente inclusivo: são doze amazônidas, três nordestinos, quatro sudestinos, um sulista e um artista do Centro-oeste. As mulheres também são maioria: doze mulheres e nove homens. A obra de um artista convidado foi adicionada posteriormente ao Museu pela curadoria.

 

William Baglione, curador do projeto, explica que além da escolha dos artistas - por meio de edital público, incluindo convites para inscrições - foi preciso um trabalho cuidadoso de observar a experiência, estilo e perfil de cada artista considerando os espaços disponíveis para pintura. Um exemplo é o maior painel, com 22 metros de altura por 60 de largura, que está sendo pintado em um coolab de Thiago Nevs (SP), And Santos (PA) e Luiz Júnior (PA).

 

“Existe um tipo de arte muito usado na Amazônia que é o abre-letras, aquelas tipografias usadas nos barcos. O Luís Jr é um dos maiores abridores de letras da região e tinha tido alguns contatos com o Thiago Nevs, artista paulistano renomado no grafite que, por vezes, utiliza caligrafia vernacular nos seus trabalhos. Os dois já haviam trocado conhecimentos e a gente sabia que era uma relação legal. De um lado, o Luís, chegando na Street Art, do outro, o Thiago, trazendo essa bagagem da arte urbana de São Paulo já com interesse e história nas tipografias”, explica Baglione.

 

A parceria foi coroada com a presença de And Santos, artista visual paraense, que hoje possui estética realista e surrealista, mas passou a maior parte da adolescência abrindo letras em canoas e barcos.

 

O projeto do M.A.U.B foi aprovado pela Sonique Produções, na Lei Federal de Incentivo à Cultura e patrocinado pelo Instituto Cultural Vale e o Nubank. A iniciativa tem apoio da Fumbel, Secretaria de Turismo do Pará, Rádio Unama e Rádio Cultura.

 

 

Foto: divulgação

 

Por: Mateus Miranda

 

 

 

 

 

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