10/11/2023 - 14:40
Enem: Estudante autista se prepara para provas em Belém
Nos dois primeiros domingo de novembro, 5 e 12, milhares de estudantes brasileiros participam das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), processo seletivo unificado para ingressar no Ensino Superior, conduzido pelo Ministério da Educação, e entre elas estão presentes Pessoas com Deficiência (PcD).
Rafael Almeida, de 17 anos, diagnosticado com autismo, está no 2o ano do ensino médio e pela primeira vez participa do Enem como treineiro. Ele participa de assistência assistida no Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), em Belém há quatro anos. Recentemente, o estudante começou a demonstrar interesse por Artes Visuais. "A arte é um caminho muito amplo, eu gosto da liberdade de criar que ela oferece", revela Rafael.
O Brasil possui 18,6 milhões de pessoas com deficiência, representando a população com idade igual ou superior a dois anos, conforme estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022. Entretanto, os dados revelam uma significativa disparidade nas áreas de educação e trabalho para essa população em comparação com o restante da sociedade.
No âmbito educacional, a taxa de frequência no ensino fundamental é menor para crianças com deficiência (89,3%) em comparação com aquelas sem deficiência (93,9%) na faixa etária de 6 a 14 anos.
Rafael, que está na faixa de 15 a 17 aos, fazendo o ensino médio, faz parte de uma taxa ainda menor, com apenas 54,4% de frequência, enquanto para aqueles sem deficiência é de 70,3%. Na faixa etária de 18 a 24 anos, a frequência no ensino superior, despenca e registra 14,3% para pessoas com deficiência e 25,5% para aqueles sem deficiência.
Vânia Negrão, mãe de Rafael, conta que a vontade do filho de entrar em uma faculdade veio a partir da irmã e das aulas no CIIR. “Ele tem aulas de violão e de desenho, e agora quer fazer artes visuais. Então, o leque (de oportunidades) já abriu. A quela luz no fim do túnel que não tinha e hoje tem [...] e para a gente é uma grande vitória", comemora Vânia.
A acessibilidade de pessoas com deficiência ao mercado de trabalho, tem um nível de ocupação de 26,6% entre as pessoas com deficiência, número bem menor em comparação com os 60,7% do total da população brasileira.
Para mudar esse cenário, o MEC – Ministério da Educação, oferece uma série de adaptações e recursos visando a acessibilidade e equidade no processo de avaliação do Enem, com base nos direitos dos candidatos com deficiência. E para aqueles com deficiências intelectuais, como autismo e dislexia, o Enem disponibiliza transcritores e leitores.
A organização do exame também possibilita a realização das provas em hospitais para estudantes em situação de internação, desde que haja instalações adequadas.
O Ciir é referência no Pará em assistência de média e alta complexidade à Pessoas com Deficiência (PcDs) visual, física, auditiva e intelectual. Os usuários têm acesso aos serviços do Centro que auxiliam em todas as áreas da vida deles, e o Enem não fica de fora.
"As nossas atividades hoje, principalmente para as pessoas com autismo, são voltadas para a gente trabalhar esse fortalecimento das interações sociais, promovendo a interação entre pares, entre os outros colegas e para diminuir um pouquinho essa ansiedade também", explica Antônio Nepomuceno, psicólogo no Ciir.
Aline Mendes, psicopedagoga no Ciir, explica como funciona o tripé multidisciplinar que o Centro utiliza com os usuários: "O atendimento terapêutico, envolve uma equipe de profissionais com psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos. Também tem a parte da artecultura e a psicopedagogia. Além de trabalhar a psicopedagogia clínica, a gente também, trabalha a família."
Foto: Divulgação
Por: Sabrina Carvalho
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