08/03/2023 - 13:01
Brasil bate recorde de feminicídios em 2022, com uma mulher morta a cada 6 horas
O Brasil teve um aumento de 5% nos casos de feminicídio em 2022 em comparação com 2021. O levantamento foi feito pelo portal de notícias G1, com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal. São 1,4 mil mulheres mortas apenas pelo fato de serem mulheres - uma a cada 6 horas, em média. Este número é o maior já registrado no país desde que a lei de feminicídio entrou em vigor, em 2015.
A alta acontece na contramão do número de assassinatos sem o recorte de gênero, que foi o menor da série histórica do Monitor da Violência e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Com 40,8 mil casos, o país teve 1% menos mortes em 2022 que em 2021. Se forem consideradas apenas as mortes de mulheres, o que inclui também os casos que são classificados como feminicídios, o número cresceu 3% de um ano para o outro — para 3.930.
Os principais dados do levantamento apontam que o Brasil teve 3,9 mil
homicídios dolosos (intencionais) de mulheres em 2022 (aumento de 2,6% em
relação ao ano anterior); foram 1,4 mil feminicídios, o maior número já
registrado desde que a lei entrou em vigor, em 2015; 12 estados registraram
alta no número de homicídios de mulheres; 14 estados tiveram mais vítimas de
feminicídio de um ano para o outro; Mato Grosso do Sul e Rondônia são os
estados com o maior índice de homicídios de mulheres e MS e RO também
têm as maiores taxas de feminicídios do país. O levantamento faz parte do
Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da
violência da USP (NEV-USP) e o FBSP. Nesta quarta (8), é celebrado o Dia
Internacional da Mulher.
De acordo com o Anuário de Segurança Pública, do FBSP, 8 em cada 10 crimes de feminicídio são cometidos pelo parceiro ou ex-parceiro da vítima.
Desde 2015, quando a lei passou a valer, os números de feminicídios têm crescido a cada ano no Brasil. O número de feminicídios de 2022 é o mais alto da série histórica do Monitor da Violência e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Vale notar, porém, que diversos estados ainda não possuíam dados de feminicídios em 2015, 2016 e 2017. Os dados apenas são referentes a todos os estados a partir de 2018.
Uma das explicações para a alta do feminicídio, em um período de queda dos homicídios, é a redução expressiva do investimento em políticas de enfrentamento à violência doméstica e familiar, afirmam Piccirillo e Silvestre, do NEV-USP.
Durante o governo Bolsonaro, ressaltam elas, houve um corte expressivo da verba para essa área, dinheiro destinado, principalmente, às unidades da Casa da Mulher Brasileira e de Centros de Atendimento às Mulheres. Segundo as pesquisadoras, outros fatores são: a baixa fiscalização, o que permite que mesmo mulheres com medidas protetivas se tornem vítimas de feminicídio; o aumento do número de armas em circulação, com o relaxamento das leis; e a ascensão de movimentos conservadores que defendem a manutenção da desigualdade de gênero nas relações sociais.
Metade dos estados brasileiros teve alta nos casos de feminicídios em 2022. Em alguns casos, o aumento foi de mais de 40% – como em Mato Grosso do Sul (40%), Rondônia (75%) e Amapá (100%). MS e RO, inclusive, também são destaques negativos em outros dois indicadores: as taxas de ocorrências de mortes de mulheres (veja as taxas de todos os estados no final desta reportagem). Esse indicador é importante porque ele mede a incidência do crime em relação à população de cada estado – e não apenas o número absoluto de mortes.
Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasil
Por: Avelina Castro
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