21/03/2022 - 16:05
Racismo já foi presenciado no transporte por 72% dos brasileiros
Uma pesquisa do Instituto Locomotiva mostra que 72% das pessoas dizem já ter presenciado situação de racismo em seu transporte do dia a dia e 39% foram vítimas do crime, ou seja, uma em cada três pessoas negras já sofreu preconceito em seus deslocamentos. A pesquisa foi divulgada nesta segunda-feira (21), que é o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, foi encomendada pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) com o apoio da Uber, em parceria com o Instituto Identidade Brasil (ID_BR).
O estudo ouviu 1.200 pessoas e mais de mil profissionais do setor de transporte. Chamou a atenção o fato de que entre trabalhadores negros que atuam no setor o número de vítimas é ainda maior que o de usuários: 65% dos entrevistados já enfrentaram alguma situação de racismo durante o expediente. Já a população negra, quando questionada sobre situações de preconceito vividas, relatou ter sido menosprezada (24%), abordada de maneira desrespeitosa (17%), sofrido agressões verbais e ter sido alvo de expressões racistas (14%).
As situações de preconceito contra profissionais negros do transporte também são em maior quantidade e eles relataram agressões verbais (47%) e menosprezo (46%), que aparecem mais frequentes, mas eles foram três vezes mais alvo de expressões racistas e sofreram três vezes mais ameaça do que a população negra vítima de preconceito racial em geral.
A pesquisa mostra, ainda, que 71% das pessoas negras que trabalham no trânsito sentem medo de sofrer racismo ou preconceito por sua cor. Entre a população negra em geral, esse número cai para 41%, o que mostra que quem está na rua por mais tempo sente mais medo de sofrer esse tipo de discriminação. Os números também revelam que motoristas de ônibus e cobradores são os profissionais que mais observam casos de racismo no seu trabalho (75%), seguidos de motoristas de aplicativo (73%) e taxistas (65%).
Segundo a pesquisa, o número de casos acaba causando impacto no comportamento das pessoas negras ao planejar seu deslocamento: 29% dos negros declararam que já mudaram a forma de se locomover pela cidade devido a situações de preconceito ou discriminação. Entre mulheres negras, o número chega a 31%. As mulheres negras também são as que mais se sentem vulneráveis nos deslocamentos: 72% delas temem sofrer algum tipo de assédio sexual, 64% agressão física e 47% de sofrer algum tipo de racismo.
A pesquisa também incluiu duas imagens para comparar a percepção dos profissionais de transporte sobre as diferenças entre um homem negro e um branco: seis em cada dez profissionais acreditam que uma pessoa negra tem mais chance de causar medo nos passageiros que uma pessoa branca. A chance de motoristas não pararem no embarque para um passageiro negro também é bem maior (61% contra 7%). Para a maioria da população (69%), o racismo é comum no dia a dia e 25% consideram que as pessoas que cometem racismo nunca são devidamente punidas.
Por: Avelina Castro
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