Avança o debate sobre proibir o uso dos celulares nas escolas

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Discussões são baseadas em pesquisas que mostram a relação entre o uso de smartphones com casos de depressão e queda no aprendizado entre crianças e jovens.

Foto: Reprodução / Shutterstock.

A discussão sobre a proibição do uso do celular pelos estudantes no ambiente escolar vem ganhando cada vez mais corpo em diversos países. A preocupação é baseada em estudos científicos que demonstram não só os prejuízos no aprendizado devido ao uso desse equipamento, mas também o aumento de casos de depressão, ansiedade e outros transtornos mentais entre crianças e jovens.

De acordo com o psicólogo norte-americano Jonathan Haidt, autor do livro “A Geração Ansiosa”, desde o início de 2010, quando os smartphones começaram a se disseminar, as taxas de depressão grave, ansiedade e outros problemas mentais cresceu vertiginosamente entre os adolescentes nos Estados Unidos. O aumento foi de 145% entre as meninas e de 161% entre os meninos, tomando por base uma pesquisa nacional sobre o uso de drogas e saúde mental.

Entre estudantes universitários do país, o aumento da ansiedade nesse mesmo período foi de 134%, e o de depressão, de 106%. Houve também 72% de aumento do TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), entre outros problemas.

Principal avaliação da educação no mundo, realizada com alunos de 15 anos de 81 países, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), também mostrou uma queda nas notas a partir de 2010, inclusive nos países mais ricos e com os melhores desempenhos de educação. Em 2022, o Pisa mostrou que entre os estudantes brasileiros, 8 em cada 10 afirmaram se distrair com o celular nas aulas de matemática - a média geral foi de 6 em cada 10.

Celulares nas escolas de outros países

Nos Estados Unidos, em 2023 o estado da Flórida aprovou lei para exigir que escolas distritais imponham regras para barrar o uso de celulares nas aulas.

Na França, desde 2018 o uso de celulares é proibido para estudantes com menos de 15 anos. No país, os aparelhos só podem ser usados por alunos com deficiência ou durante atividades de aprendizado.

Na Holanda, o governo determinou às escolas alinhar regras de uso com pais, professores e alunos, para avaliar no fim do ano letivo de 2024-2025 a medida.

Já no Canadá os smartphones foram banidos total ou parcialmente em algumas províncias.

Situação no Brasil

No Brasil, desde 2015 tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei 104/2015, de autoria do deputado federal Alceu Moreira (MDB/RS), que proíbe o uso de celulares e tablets em salas de aula dos estabelecimentos de educação básica e superior, tanto públicos quanto privados.

Ainda para este mês de outubro, o Ministério da Educação prepara um projeto de lei que prevê o banimento dos aparelhos nas escolas, exceto em atividades didático-pedagógicas e devidamente autorizados pelos professores ou corpo gestor; ou em casos de acessibilidade para alunos com deficiência.