Dom Azcona deixa legado na ilha do Marajó pela luta por direitos sociais

Compartilhe

Na última quarta-feira (20), a Prelazia do Marajó divulgou o falecimento de Dom Luís Azcona Hermoso, bispo emérito do Marajó, que atuava contra o tráfico humano e a exploração sexual de crianças e adolescentes na região. Aos 84 anos, Dom Azcona enfrentava um câncer no pâncreas e estava internado na capital paraense, no Hospital Porto Dias, para cuidados paliativos desde o dia 28 de outubro.

Dom Azcona sorrindo para foto

Nascido em 1940, em Pamplona, na Espanha, o religioso chegou ao arquipélago do Marajó em 1985 como missionário agostiniano, sendo nomeado bispo da Prelazia do Marajó em 1987 pelo Papa João Paulo II e no mesmo ano passou a viver em Soure, na ilha do Marajó. O missionário agostiniano dedicou décadas da vida ao trabalho pastoral e social para a melhoria das condições de vida dos paraenses marajoaras e se destacou por defender os direitos humanos na região.

A luta de Dom Luís Azcona Hermoso foi essencial para a instalação da CPI da Pedofilia na Assembleia Legislativa do Pará e no Congresso Nacional, em 2009 e 2010. No ano de 2015, o bispo chegou a denunciar casos de exploração sexual de crianças, com o consentimento da família das vítimas, por visitantes da ilha, e causou repercussão nacional para o cenário

Em 2023, um pedido emitido pela Nunciatura Apostólica, representação diplomática do Vaticano, para que Dom Azcona deixasse a ilha do Marajó causou revolta dos moradores de diversas cidades da região e protestos nos municípios de Bagre, Breves e Soure. Após a situação, a Nunciatura Apostólica encaminhou uma carta comunicando que o bispo não precisaria mais deixar a região.

Em junho deste ano, Dom Luís Azcona Hermoso recebeu o diagnóstico de câncer e, desde então, passava por tratamento. Com a última internação do bispo, os médicos informaram as fragilidades do religioso que o impediam de realizar procedimentos cirúrgicos e tratamento curativo.

Na manhã desta quinta-feira (21), um dia após o falecimento do bispo católico, foi realizada uma missa na Paróquia São José Queluz, antes do corpo ser levado para o município de Soure para ser sepultado. O governador do Pará, Helder Barbalho, decretou luto de três dias em todo o estado do Pará pela morte do missionário agostiniano, reconhecendo assim o legado de Dom Azcona.