Cigarro eletrônico pode elevar mais os níveis de nicotina no organismo do que o cigarro comum
Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Instituto do Coração (Incor), de São Paulo.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto do Coração (Incor) de São Paulo, as pessoas que fizeram uso de cigarros eletrônicos durante um ano têm até seis vezes mais nicotina no organismo do que aquelas que fumaram 20 cigarros comuns por dia, durante cerca de 25 anos.
Os dados do estudo foram divulgados nessa segunda-feira (25), revelando também que a maioria dos usuários dos vapes ou pods, como os cigarros eletrônicos também são conhecidos, tentou abandonar a dependência no dispositivo, mas sem sucesso.
Segundo a cardiologista Jaqueline Scholz, diretora do Núcleo de Tabagismo do Incor e coordenadora da pesquisa, esses dados sugerem que os cigarros eletrônicos podem representar um risco substancialmente maior para a dependência.
A pesquisa, realizada de maneira inédita pelo Incor, em parceria com a Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo e o Laboratório de Toxicologia da Rede Premium de Equipamentos Multiusuários da FMUSP, ouviu 47 usuários de vapes, frequentadores de bares, shows e eventos, em diversas regiões do estado de São Paulo. Além disso, mediu os níveis de nicotina no organismo por meio de amostras da saliva dos participantes.
Os resultados mostraram que a maioria dos usuários desse tipo de dispositivo são jovens, brancos, da classe média alta e com alto grau de escolaridade. O tipo de vape mais usado foi o descartável e entre os participantes, 60% eram novos usuários, ou seja, não tinham fumado cigarros tradicionais antes. Já 40% já haviam feito uso de cigarros comuns. Para a coordenadora do estudo, isso indica que os cigarros eletrônicos são a porta de entrada para o tabagismo.
No Brasil, o uso dos vapes é proibido desde 2009 pela Anvisa. A proibição inclui a venda, importação, propaganda, fabricação, transporte e armazenamento desses produtos. Em abril de 2024, a Anvisa manteve a proibição após uma consulta pública e a análise de pareceres científicos.
