Morre Gilson Faria: um legado de voz, esporte e cultura no jornalismo paraense

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Gilson Dias Faria: a voz que narrou o Pará com emoção, profissionalismo e humanidade.
Foto: Arquivo Pessoal / Facebook Gilson Faria.

O jornalismo paraense perdeu na noite desta quarta-feira (18/06/2025) um de seus maiores nomes. Gilson Dias Faria, jornalista, radialista, narrador e gestor, faleceu aos 66 anos, em Belém, deixando uma trajetória marcada pela seriedade profissional e pela paixão com que comunicava o Pará.

Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Gilson se destacou como uma das vozes mais emblemáticas da crônica esportiva e da cobertura de eventos religiosos da região. Durante anos, foi a voz oficial do Círio de Nazaré na TV Liberal — um tempo em que os rostos não apareciam na tela, mas a emoção da festa era transmitida com maestria por sua narração firme, sensível e carregada de identidade local.

No rádio, Gilson também marcou época com um estilo envolvente, direto e profundamente popular, que conquistou ouvintes em todo o estado. Mas sua atuação foi além do microfone. Ele construiu uma carreira sólida, não apenas como repórter e apresentador, mas também como gestor atento aos rumos da comunicação pública no Pará.

Foi coordenador de jornalismo na TV Cultura do Pará e gerente de jornalismo na RBA TV, exercendo papel fundamental na organização de redações e no fortalecimento da produção jornalística local. Na TV Cultura, em especial, sua atuação contribuiu para consolidar um jornalismo comprometido com as manifestações culturais da Amazônia e com a valorização da identidade paraense na televisão pública.

Sua atuação institucional também passou pela Assembleia Legislativa do Pará, onde atuou como assessor de comunicação, ampliando sua experiência na comunicação pública e no diálogo entre a imprensa e os poderes.

Sempre lembrado pelo bom humor, pela firmeza ética e pela disposição em ajudar colegas e formar novos talentos, Gilson Faria era daqueles profissionais que se tornam referência — não por vaidade, mas por merecimento. Sabia ouvir, orientar e, sobretudo, acolher.

Comoção

Sua morte gerou comoção entre colegas de redação, políticos, gestores e comunicadores. Miro Sanova, presidente da Cultura Rede de Comunicação, onde Gilson atuou como coordenador de jornalismo, lamentou a perda em suas redes sociais:

“Como presidente da Funtelpa, lamento profundamente a partida de Gilson Faria, ícone do jornalismo paraense. Sua voz marcou o rádio esportivo e as transmissões do Círio de Nazaré. Solidariedade à família e colegas. Seu legado seguirá vivo!”, disse.

O governador Helder Barbalho também se manifestou, reconhecendo a dedicação de Gilson à comunicação e ao esporte no estado. A Secretaria de Comunicação do Pará (Secom) exaltou o “legado de conduta humana e profissional” deixado por ele.

O apresentador Márcio Lins, do Bom Dia Pará, também prestou homenagem: “O jornalismo de luto! (…) Grande referência no jornalismo esportivo paraense”, escreveu.

O legado de Gilson Faria

Gilson Dias Faria foi mais que uma voz marcante. Foi um profissional que soube unir técnica, sensibilidade e visão estratégica em tudo o que fez. Deu voz ao esporte, ao Círio, à cultura popular e à notícia do dia a dia com a mesma entrega. Na liderança, foi farol para jornalistas e exemplo de que comunicar é, acima de tudo, servir à sociedade.

O Pará se despede de um comunicador completo, que ajudou a moldar não apenas o jeito de contar as histórias do povo, mas o próprio modo de fazer jornalismo na Amazônia.