1 em cada 3 brasileiros que possui coleta seletiva não separa o lixo, diz pesquisa

Embora a reciclagem seja considerada importante para o futuro do país e do mundo por 99% dos brasileiros, apenas 54% deles afirmam ter coleta seletiva onde moram. Mesmo assim, 1 em cada 3 (33%) dos que possuem acesso a esse serviço não separa seus resíduos recicláveis em casa.

Os dados são de uma pesquisa nacional do Datafolha que ouviu 2.010 pessoas em 112 municípios de todas as regiões do país, entre os dias 13 e 21 de maio. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

Em entrevista à Folha de São Paulo, o consultor em economia circular e conselheiro do Pacto Global da ONU para a área, afirma que os dados mostram a necessidade de expansão da coleta seletiva e, ao mesmo tempo, o desperdício desse serviço que é pago com recursos públicos das prefeituras e nem sempre é aproveitado pela população.

Por outro lado, com ou sem coleta seletiva, 71% da população brasileira diz separar resíduos recicláveis. Destes, 51% afirmam o fazer sempre; 17%, só de vez em quando; e 4%, raramente.

Carlos da Silva Filho, presidente da ISWA (International Solid Waste Association) e conselheiro da ONU para o tema, disse ao jornal paulista que, embora exista todo esse ânimo da população em separar os materiais recicláveis, isso ainda não se reverteu em um processo de aproveitamento dos resíduos e de aumento da reciclagem no Brasil, onde aterros sanitários e lixões estão repletos de materiais recicláveis, disse.

Reciclagem no Brasil

No total, o Brasil só recicla 4% de seus resíduos sólidos e apenas 32% dos municípios brasileiros têm alguma coleta desse tipo, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).

Para Silva Filho, faltam incentivos para o desvio de resíduos de unidades de destinação final, como aterros, e seu encaminhamento a processos mais avançados de tratamento. A população pode até separar, como indica a pesquisa, mas, como a coleta seletiva e a triagem têm custo alto, esse esforço muitas vezes acaba se perdendo no processo, concluiu o especialista.

Com informações de Fernanda Meia, da Folha de São Paulo