Defesa Civil de Santarém antecipa ações para enfrentar a seca em 2024
O objetivo é evitar o cenário caótico de 2023, que impactou 14 municípios e mais de 6 mil famílias de pescadores

Com o rio Tapajós registrando um nível de 94 centímetros abaixo do mesmo período do ano passado, a Defesa Civil de Santarém, no oeste do Pará, está antecipando o planejamento para enfrentar a seca de 2024.
A experiência da severa estiagem do ano passado, que levou à decretação de situação de emergência em outubro, motivou o início das ações preventivas para este ano.
“Foram tempos muito difíceis pra gente. Eu não consegui nem pescar. A nossa sobrevivência no dia a dia ficou ameaçada. A quentura afetou os nossos plantios e as terras ficaram secas”, conta o coordenador do núcleo de base da comunidade Piracãoera de Baixo, Urucurituba.
Antecipação das ações preventivas
Segundo Darlison Maia, coordenador da Defesa Civil do município, o monitoramento da estiagem foi iniciado como uma resposta direta aos desafios enfrentados no ano passado. "Estamos programando uma visita no final de julho, dependendo do nível do rio, para registrar os dados atualizados e inseri-los no sistema".
A Defesa Civil também monitora os níveis dos rios no estado do Amazonas, pois eles servem como um alerta antecipado para a região de Santarém.
Reuniões com representantes das regiões do Tapajós, Arapiuns e Lago Grande estão em andamento para alinhar estratégias de resposta conjunta à crise hídrica. Essa cooperação é crucial para garantir que a ajuda humanitária chegue de forma eficiente às comunidades afetadas pela seca. Desde dezembro passado, a Defesa Civil entregou ajuda humanitária, concluindo as distribuições em janeiro deste ano. No entanto, a contínua queda no nível do rio Tapajós mantém a equipe em alerta.
Impactos da seca de 2023
De acordo com uma nota técnica elaborada pela equipe pela Sociedade Para a Pesquisa e Proteção do Meio Ambiente (Sapopema) com apoio do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Oeste do Pará e Baixo Amazonas (Mopebam) e da Colônia de Pescadores Z-20, um levantamento realizado com os coordenadores das colônias de pescadores do Baixo Amazonas permitiu identificar os principais impactos das mudanças climáticas nas comunidades.
A seca de 2023 afetou mais de 6 mil famílias de pescadores que dependem da atividade como principal fonte de renda.
Entre as principais dificuldades estavam: a pesca prejudicada (22,2%), dificuldade alimentar (20,5%), transporte comprometido (13,9%) e acesso limitado à água (16,7%).
Além disso, os pescadores relataram aumento do calor nos lagos, dificultando a pesca e o cultivo de plantações. Os pescadores também explicaram que a seca aumentou a distância para deixar embarcações e prejudicou a conservação do peixe.
Para cerca de 4.700 famílias, a pesca foi muito impactada pela seca, comprometendo a renda e levando muitos a pescar apenas para consumo familiar.
Com o planejamento antecipado e as ações preventivas já em andamento, a Defesa Civil de Santarém espera minimizar os impactos da seca em 2024, garantindo a segurança e o bem-estar das comunidades locais. A situação continua a ser monitorada de perto e novas atualizações serão fornecidas conforme necessário.