Santarém: 363 anos aliando tradição alimentar e sustentabilidade

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No coração do oeste paraense, Santarém, conhecida como a Pérola do Tapajós, completa seus 363 anos com uma celebração de sabores e tradições que encantam visitantes e moradores. A cidade não apenas preserva suas belezas naturais, mas também mantém viva uma rica herança culinária centrada no consumo de peixe, alimento que sustenta a região desde a antiguidade.

O antropólogo Florêncio Vaz destaca a importância cultural do pescado na vida local: "Há mais de três séculos, o peixe é mais que um alimento, é parte integrante da identidade de Santarém. Desde os povos originários, a tradição de prepará-lo de diversas formas, principalmente moqueado e acompanhado de farinha de mandioca, perdura até os dias de hoje".

A aposentada Elienai Silva, moradora de longa data na cidade, reforça esse vínculo com as raízes: "Não há como dissociar nossa história do peixe com farinha. É um hábito que nos une e nos alimenta, e é transmitido de geração em geração."

Para a feirante Ivonice Picanço, a variedade de pratos à base de peixe é uma verdadeira festa de sabores. "Frito, cozido, assado, guisado... o peixe aqui é preparado de todas as formas imagináveis. É uma festa para o paladar".

Contudo, diante dos desafios das mudanças climáticas, a bióloga Poliana Batista destaca a necessidade urgente de práticas sustentáveis na pesca. "Em nosso projeto de manejo, focamos não apenas na conservação das espécies, como o pirarucu, mas também na promoção de regras locais mais rigorosas que a legislação federal. Isso inclui o respeito ao tamanho mínimo de captura e aos períodos de restrição, além da realização de censos populacionais anuais", explica.

Neste aniversário especial de Santarém, no último dia 22 de junho, o aroma dos pratos tradicionais se espalha pela cidade, lembrando a todos da importância de preservar e celebrar suas raízes. Enquanto os moradores se reúnem para comemorar, a mensagem é clara: honrar o passado é garantir um futuro sustentável para as próximas gerações, onde o peixe continuará a ser não apenas um alimento, mas também um símbolo de identidade e resistência da Amazônia.

Por Jaelta Souza com informações de Júlio César Antunes