Global Citizen Now Amazônia: evento reúne especialistas e lideranças para debater soluções climáticas em Belém

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Foto: Marcelo Lelis / Agência Pará.

Belém foi palco, nesta quinta-feira (24), do evento Global Citizen Now: Amazônia, evento realizado na Estação das Docas e que reuniu representantes do setor público, especialistas, ativistas e membros da sociedade civil em um debate sobre os desafios e soluções para a preservação da floresta amazônica e o enfrentamento das mudanças climáticas. O encontro é considerado uma prévia estratégica da COP 30, pois traz pautas que serão apresentadas e debatidas durante a conferência, que acontece na capital paraense em novembro 2025.

Durante o evento, o governador Helder Barbalho destacou o papel de Belém como um novo polo de diálogo ambiental global. “Este é um momento em que mobilizadores e cidadãos do mundo se reúnem e fazem de Belém o início da trajetória que consolida a capital como capital da amazônia e centro para discussões e soluções para o meio ambiente”, afirmou, reforçando a expectativa de que a COP 30 deixe um legado duradouro para a região.
Amazônia como território de soluções

 

O governador Helder Barbalho ressaltou a importância de realizar a COP em Belém. Foto: Leonardo Macedo / Agência Pará.

A Secretária de Cultura do Pará, Ursula Vidal, também participou das discussões e enfatizou o papel estratégico da Amazônia no combate à crise climática. “Estamos inseridos em uma crise climática global, mas também somos um território de soluções”. Após a declaração, ela apresentou programas do governo estadual voltados à sustentabilidade e ao enfrentamento das mudanças climáticas, destacando políticas públicas já em curso.

Desmatamento e energia na agenda ambiental

Entre os temas abordados ao longo do evento, um deles foi a agenda ambiental de combate ao desmatamento e a sustentabilidade energética. O diretor do Observatório do Clima, Márcio Astrini, chamou atenção para a inclusão do debate sobre combustíveis fósseis na agenda nacional, classificando a proposta como um dos maiores desafios atuais.

"Nós temos a presidência da COP agora e, o que eu acho que deve ser a postura, é colocar para a discussão dos países propostas ambiciosas. E a proposta mais ambiciosa que a gente pode colocar hoje é a discussão sobre combustíveis fósseis. Eu quero saber qual é a proposta que vai para cima da mesa: o governo vai apoiar a presidência da COP pra colocar o debate? Os outros países do mundo vão aceitar debater o mapa do caminho pro fim dos combustíveis fósseis? Eu não sei. Mas se a gente não fizer a pergunta não teremos nem a possibilidade de saber se os países vão negar. Então, nós, como país, devemos ter ousadia e colocar a proposta", afirmou. 

Já o diretor do Ibama, Rodrigo Agostinho, mencionou os esforços da instituição no combate ao desmatamento e destacou a redução de 46% nas taxas nos últimos dois anos, atribuindo o resultado ao Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), retomado pelo governo federal. Ele ainda explicou, no painel "Rumo às Emissões Net-Zero na Amazônia" que a estratégia de comando e controle ambiental são essenciais para trocar as atividades ilegais na Amazônia pro atividades que mantenham a floresta em pé.

"O IBAMA vem trabalhando com a redução do desmatamento e acreditamos que podemos fazer mais, pois receberemos mais servidores este ano. Eles serão essenciais para que a gente possa construir as nossas ações de comando e controle ambientais", ressaltou.

Tecnologia social com escuta das comunidades ribeirinhas

Outro tema abordado no evento foi a necessidade de ouvir os povos amazônicos no processo de elaboração de novas tecnologias.

O coordenador de produção da cooperativa Catauá, Gilson Santana, explicou que é necessário que as empresas e empreendimentos que querem se instalar na Amazônia ouçam as comunidades e compreendam seus saberes. Ele mencionou um equipamento feito para descascar as amêndoas da amazônia (andiroba, castanhas etc.) que foi criado pela própria cooperativa, voltado para atender comunidades ribeirinhas que não têm acesso à energia elétrica.

“Acho que tudo vai de uma conversa. É muito fácil chegar e colocar goela abaixo. A gente tem exemplos de grandes empresas e indústrias que muitas das vezes se instalam na Amazônia e não dá certo, porque é algo que vem da grande cidade, não conhece a rotina, não conhece os costumes e nem do dia a dia do povo da Amazônia, como ele trabalha. Nós enquanto cooperativa nós criamos um equipamento que visa descascar amêndoas, para comunidades ribeirinhas e que não tem acesso à energia elétrica. Em média uma pessoa levava uma jornada de trabalho para quebrar uma vaquinha de 50 quilos. Hoje nós temos um equipamento que quebra uma tonelada em 30 minutos. E sabe de onde saiu essa ideia? De dentro da nossa cooperativa”, exemplificou.

Encerramento 

O evento encerrou com uma palestra que debateu a necessidades amplificar as vozes da Amazônia no cenário global, ressaltando a importância dos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e demais comunidades. Em seguida, as considerações finais trouxeram reflexões sobre a a sustentabilidade, ressaltando que ela precisa ser social, ambiental e econômica. Por fim, a coordenação do evento explicou que as pautas  debatidas durante o Global Citizen serão apresentadas na COP 30.

Edição: Fabrício Mattos