Jornalismo paraense perde Manuel Dutra: professor, pesquisador e referência em comunicação na Amazônia

Morreu neste domingo (11) o jornalista, professor e pesquisador Manuel Dutra. Natural de Santarém, Dutra tinha 79 anos e realizou uma trajetória marcante na comunicação na Amazônia, sendo responsável por formar várias gerações de jornalistas em Belém e no Pará.
Dutra se formou em jornalismo em 1972 e atuou desde os anos 1970 no jornalismo de Belém, tornando-se uma referência na cobertura da Amazônia. Ele três vezes o Prêmio Esso Região Norte de Jornalismo.
Com um senso crítico, escrita refinada e um olhar profundo sobre a região amazônica, Dutra atuou como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, além de ser professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) desde 1992 e colaborador da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) desde 2011 e também no Instituto Esperança de Ensino Superior (Iespes). Ele também foi um dos fundadores do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia da UFPa.
Manuel Dutra também atuou como Secretário do Conselho Consultivo da UFPA a partir de 2011 e tinha uma brilhante carreira como pesquisador. Sua pesquisa abordava os discursos da mídia sobre a Amazônia, recebendo os dois prêmios de melhor tese: um pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) e outro pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA). A sua tese foi publicada como livro em 2009, intitulado "A Natureza da Mídia: os discursos da TV Sobre a Amazônia, a Biodiversidade, os Povos da Floresta".
O Governo do Pará publicou uma nota de pesar em que reconheceu a relevante contribuição de Manuel Dutra para a comunicação, a educação e a defesa da Amazônia, solidarizando-se com familiares, amigos, colegas de profissão e alunos.
A Faculdade de Comunicação (Facom) da UFPa também publicou uma nota de pesar informando o falecimento do professor à comunidade acadêmica e ressaltando a sua relevância para a comunicação paraense. "Manuel Dutra foi uma referência na comunicação, no jornalismo e na pesquisa socioambiental feita na Amazônia. Sempre reconhecido por sua trajetória ética, sensível e comprometida com a compreensão da Amazônia, deixa um legado que esperamos perpetuar em nosso trabalho e na vida cotidiana. Como professor, formou gerações de jornalistas e comunicólogos, sempre com sabedoria e dedicação. Como jornalista, defendeu com firmeza a liberdade de expressão e os valores democráticos. Era, também, um grande defensor da natureza e das causas sociais", escreveu a Facom.
O Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará (SINJOR-PA) também manifestou pesar pelo falecimento de Manuel Dutra, que era filiado à instituição. O Sinjor lembrou que Dutra também formou dezenas de gerações de jornalistas, tendo relevante atuação na área docente e no jornalismo.
“Manoel Dutra foi um dos mais destacados jornalistas do Estado do Pará, sempre defensor do meio ambiente e crítico ao desenvolvimento predatório na Amazônia. Era um maestro na arte de escrever e teve importante atuação em veículos de comunicação de Santarém e Belém, além de atuar como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo. O reconhecimento de Dutra ocorreu por premiações que incluem diversas edições do Prêmio Esso de Jornalismo da Região Norte”, escreveu o Sindicato.
O velório de Manoel Dutra está sendo realizado desde as 16h de domingo e permanece até as 14h30 desta segunda-feira, na Capela Master A, da Funerária Max Domini, localizada na Avenida José Bonifácio, 1550. Em seguida, o corpo será encaminhado para o complexo onde será cremado e suas cinzas serão espalhadas pelo rio Tapajós.
Confira abaixo a íntegra da Nota de Pesar da Faculdade de Comunicação da UFPA.