Inclusão social de pessoas trans e travestis nas universidades: como desconstruir o preconceito nas instituições de ensino

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Foto: Lidyane Albim / Ascom UFPA

A Universidade Federal do Pará (UFPA) tem um longo histórico em ações afirmativas para promover o respeito à diversidade e a conscientização dos estudantes. As pessoas trans e travestis são um grupo que cresce cada vez mais na instituição e precisam ter os direitos à dignidade e à educação superior assegurados.

Segundo dados da Assessoria da Diversidade e Inclusão Social da UFPA (ADIS/UFPA), desde 2021, 123 estudantes na Instituição que solicitaram a inclusão do nome social. 

Eles e elas frequentam cursos de graduação, pós-graduação, cursos técnicos e de especialização, e as principais áreas são: Ciências Biológicas, Ciências Naturais, Ciências Sociais, Dança, Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo (UFPA/Salinas), Engenharia de Telecomunicações, Engenharia Química, Farmácia, Geografia, História, Letras – Libras, Música, Odontologia e Turismo.

Para promover o debate sobre respeito e inclusão, nesta quarta-feira (26) aconteceu na UFPA o I Seminário Construindo a Presença de Pessoas Trans e Travestis, evento que reuniu pesquisadores, instituições de ensino superior que já têm experiência  no assunto, poder público e representantes da luta LGBTQIAP+ no Instituto de Ciências Sociais e Aplicadas (ICSA). O seminário teve como objetivo principal debater soluções para eliminar barreiras que segregam e marginalizam as minorias.

“Ter uma experiência de vivência trans na UFPA é, por vezes, assustadora, uma vez que o Brasil é um dos países que mais mata trans e travestis. A inexistência da maioria da nossa população nessa educação corrobora para que seja amedrontador este processo. Somos sobreviventes de diversas experiências de maus-tratos”, comenta Ryan Linard, estudante transsexual da Universidade Federal do Pará.

Segundo os organizadores do evento, ações que incentivem a igualdade de oportunidades, o respeito à população trans e travesti e a desconstrução de preconceitos estruturais da sociedade são importantes para acabar com a discriminação.

“Há dois elementos que fomentam a discriminação: a irracionalidade e a ignorância, que é quando não conhecemos algo e criamos um preconceito. Como é que vencemos a ignorância? Com informação, com promoção de encontros, quando as pessoas conhecem o que não sabiam. A melhor forma de vencer o preconceito é a convivência. As pessoas trans precisam estar na escola, no trabalho e em todos os espaços sociais”, constata Symmy Larrat, Secretária Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIAP+.

Acesso

Dados do CEPS (Centro de Processos Seletivos) da UFPA também apontam que, dos(as) 57.571 candidatos(as) inscritos(as) no último Processo Seletivo de 2024, 60 pessoas se autodeclararam Mulher Transexual Transgênera e 68 Homem Transexual Transgênero. Destes, 16 foram classificados(as), mas apenas 11 estão cursando o Ensino Superior, o que representa 0,16% do total de calouros(as) 2024 – taxa que ainda é  dez vezes menor que o esperado pelos representantes das pessoas LGBTQIAP+.