Pará tem mais de 30 línguas indígenas

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Além das línguas trazidas por imigrantes, das variedades regionais do português brasileiro e afrodescendentes, estima-se que no Brasil ainda sobrevivem, em graus variados, cerca de 160 línguas ameríndias – trinta delas no Pará -, distribuídas em 40 famílias, duas macrofamílias (troncos) e uma dezena de línguas isoladas. 

São apenas 20% das estimadas 1.175 línguas que tinha em 1500, quando os europeus chegaram no território. Ao contrário de outros países da região, como Peru, Colômbia, Bolívia, Paraguai e Argentina, o Brasil não reconhece como oficiais nenhuma das línguas indígenas em âmbito nacional.

O Censo 2010 contabilizou 274 línguas indígenas atualmente no Brasil (os números do Censo 2022 ainda não foram divulgados). Mas, linguistas ligados às principais instituições do país, como o Museu Emílio Goeldi, e o Museu do Índio, no Rio de Janeiro, falam em 160 a 180. 

Se forem levados em consideração os chamados dialetos — variações de uma mesma língua que podem ser compreendidas mutuamente — o número chega a 218.

Estudo 

Durante a Semana dos Povos Originários, a Fundação de Amparo a Estudos e Pesquisas na Amazônia (Fapespa) lançou a nota técnica “A conjuntura demográfica indígena paraense no censo 2022”, uma análise a qual demonstra que a população indígena no Pará apresenta distribuição heterogênea, concentrada em determinadas regiões e, por isso, demanda estratégias específicas para cada comunidade.

Dados do IBGE apontam que, em 2022, a população indígena brasileira era de quase 1,7 milhão de pessoas – um aumento populacional da ordem de 89% -, se comparado ao quantitativo registrado em 2010, o qual era de 896 mil pessoas. 

População indígena, de acordo com o Censo, refere-se à pessoa residente em localidades indígenas que se declarou indígena pelo quesito de cor ou raça, entre outros, além de residente fora das localidades indígenas que se declarou assim. 

Dentro da Amazônia Legal – área que encobre aproximadamente cinco milhões de quilômetros quadrados -, o que corresponde a 59% do território brasileiro -, a população indígena dobrou de tamanho. Saiu de pouco mais de 432 mil em 2010 para quase 870 mil indígenas em 2022. 

No Pará, a população indígena também registrou expansão demográfica no período, contabilizou 51.217 pessoas em 2010 e 80.980 mil em 2022, um crescimento de 58,1%. Quanto a proporção da população indígena brasileira em relação ao total da população do país à nível nacional, o percentual saiu de 0,5% par 0,8% no período que compreende os dois últimos censos. 

Estima-se que no Brasil ainda sobrevivem, em graus variados, cerca de 160 línguas ameríndias – trinta delas no Pará. Foto: Bruno Cecim
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