Estudo revela que o Pará registrou mais de 19 mil casos de violência sexual contra crianças e adolescentes em quatro anos; meninas são 90% das vítimas

Compartilhe
Foto: Reprodução / Freepik.

O Pará registrou mais de 19 mil casos de violência sexual contra crianças e adolescentes, sendo que as meninas representaram mais de 80% das vítimas. Os dados foram publicados no estudo “Violência contra pessoas de 0 a 17 anos no Pará – Análise de dados de 2019 a 2023”, produzido pelo Coletivo Futuro Brilhante, em colaboração com grupos e projetos de pesquisa da Universidade Federal do Pará (UFPA), da Universidade Estadual do Pará (UEPA) e do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA).

O estudo reúne dados oficiais do Sistema de Informação de Segurança Pública e apresenta um panorama detalhado sobre os padrões e perfis da violência sexual contra crianças e adolescentes no estado.

Confira os principais dados sobre a violência sexual no Pará:

  • 89,24% das vítimas de violência sexual são meninas;
  • 98,06% dos autores identificados são homens;
  • A maioria dos crimes ocorre dentro da residência das vítimas, especialmente no período da manhã;
  • Os cinco municípios que apresentam os maiores índices de violência são: Vitória do Xingu, Salvaterra, Soure, Trairão e Goianésia do Pará;
  • Mais de 57% das vítimas têm entre 12 e 17 anos;
Fonte: Coletivo Brilhante.

O segundo estudo analisou os dados de 12 anos de violência sexual contra crianças e adolescentes de 0 a 19 anos em Belém. O levantamento apontou que foram 31 mil casos de violência e, desses, aproximadamente 13 mil casos foram de violência sexual, correspondendo a 43% das ocorrências registradas na capital paraense.

Além disso, 44,4% da violência foi cometida contra jovens de 10 a 14 anos e 29% dos casos foram contra crianças entre 5 e 9 anos. 

Confira os dados de Belém:

Fonte: Coletivo Brilhante.

A divulgação do estudo vai ocorrer em três etapas, cada uma explorando distintas dimensões da violência contra crianças e adolescentes. A primeira fase, materializada em um infográfico, oferece um panorama geral dos registros no estado, expondo dados preocupantes.

Motivado pela carência de dados e estudos aprofundados sobre a temática, o Coletivo Futuro Brilhante desenvolveu a presente pesquisa. A partir da divulgação deste levantamento, o Coletivo planeja consolidar os resultados por meio da criação do Anuário Paraense de Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. O objetivo é estabelecer uma publicação periódica e de fácil acesso, fundamentada em dados concretos, que possa se tornar uma referência valiosa para pesquisadores, gestores públicos e profissionais atuantes na rede de proteção à infância.

O coordenador do Coletivo Futuro Brilhante, Diego Martins, ressaltou a importância da pesquisa para o desenvolvimento de estratégias eficazes no enfrentamento da violência sexual. "Essa pesquisa é fundamental porque transforma dados em estratégias de proteção. Ao entender como a violência sexual atinge crianças e adolescentes, podemos prevenir melhor, fortalecer políticas públicas e capacitar quem está na linha de frente do cuidado", explicou.

A pesquisa foi desenvolvida pelo Coletivo Futuro Brilhante, em parceria com a Fundação ABRINQ pelos Direitos da Criança e do Adolescente (São Paulo), Grupo de Pesquisas Judiciárias da Escola Judicial do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), Érgane – Grupo de Pesquisadores da Amazônia, NEPEVA – Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Violência na Amazônia, PPGTPC – Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento da UFPA, GEAV – Grupo de Estudos de Autores de Violência, NEIVA – Núcleo de Estudo Interdisciplinar sobre Violência na Amazônia e CAV – Clínica de Atenção à Violência da UFPA.