Em um estudo 100% nacional, cientistas sequenciaram, pela primeira vez, o genoma do cupuaçu (Theobroma grandiflorum), fruta típica da Amazônia. O artigo, publicado no periódico científico GigaScience, da editora Oxford Academic, aponta para um salto evolutivo nas pesquisas de melhoramento genético da espécie.
Por meio da engenharia genética, a pesquisa busca identificar e manipular genes responsáveis por características desejáveis, como resistência a doenças e ganho de produtividade, além de tornar o fruto mais resiliente às mudanças climáticas.
O estudo envolveu pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Embrapa Amazônia Oriental e Universidade de São Paulo (USP), com financiamento conjunto das Fundações Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Entre as descobertas, está a confirmação genética de que o cupuaçu compartilha 65% de semelhança com o cacau. Além disso, foram identificados genes ligados à produtividade e defesa contra a vassoura-de-bruxa, doença causado por um fungo e que devastou plantações de cacau no Brasil. Outro achado científico foi a presença de bactérias que vivem nas folhas do cupuaçu, ajudando na proteção da planta contra doenças.
Segundo Alessandro Varani, professor de bioinformática e genômica da Unesp, a pesquisa valoriza o potencial da ciência nacional ao descrever o genoma completo de uma planta da nossa biodiversidade.
O cupuaçu possui enorme importância econômica, especialmente no Pará, onde a fruta ocupa 8,9 mil hectares e gera anualmente uma produção de 29 mil toneladas. De acordo com o estudo “Bioeconomia da sociobiodiversidade no estado do Pará”, estima-se que a cadeia produtiva do cupuaçu seja capaz de gerar mais de R$ 170 milhões em renda até 2040. Isso consolida o fruto como um ativo crucial para a bioeconomia da Amazônia.
Com informações da Embrapa Amazônia Oriental
